Vendo o passado


Na verdade, eu tenho poucas coisas para vender. Não gosto de vender minhas coisas. E sei que dinheiro é necessário para vivermos e termos uma vida melhor, mas só trabalho por dinheiro porque realmente precisamos dele para viver. Seria tão bom que conseguíssemos viver e ter as coisas como recompensa natural dos nossos esforços como os pássaros, por exemplo...

Mas não, não estou dizendo isso do dinheiro por achá-lo um mal necessário, como ouço de vez em quando. Na verdade o dinheiro não é um mal. E, do mesmo modo, não é um bem (quer dizer, é um bem, mas não no sentindo oposto de mal. Bom, já tá complicado demais, vou parar por aqui essa divagação)

Nós, com nossa ganância, é que o transformamos em mal. Se pararmos mesmo para pensar, poucas coisas são realmente más (se é que há realmente algo intrinsecamente mau). Ao contrário, se formos fraternos, perceberemos o quanto transformamos o dinheiro em bom.

Voltando... Não tenho muitas coisas pra vender. E, certamente, se tivesse, uma delas não seria o meu passado. Como eu poderia vender o meu passado? Sem ele eu não seria o que sou hoje. E vender o que sou hoje, mataria o meu futuro, por isso jamais poderia vender o meu passado. Talvez emprestar o meu passado a alguma história, aí sim. Mas também não sei se alguém quereria o meu passado apra alguma história...

Bom, mas o título do post não tem nada a ver com vender o meu passado, mas tem a ver com a foto que coloquei acima. Como?, alguém pode perguntar, é que na foto, todos nós estamos vendo o passado.

Esta galáxia (Galáxia Espiral NGC 1350) está distante de nós 85.000.000 de anos-luz. Isso mesmo, Oitenta e cinco milhões de anos luz. Isso significa que essa foto é de como essa galáxia era oitenta e cinco milhões de anos-luz atrás. Hoje ela pode nem mais existir e nós ainda achamos que ela está lá...

Hoje vejo o meu passado e mesmo assim, vendo o meu passado, não vendo o meu passado. Não porque estou de olhos vendados, mas porque como disse acima, não seria quem eu sou sem ele. Espero continuar fazendo um melhor presente para ver o meu futuro com melhores olhos, e para quando olhar para trás, do ponto de vista do futuro, continuar dizendo, não vendo o meu passado.

Espero que, apesar de sabermos que somos hoje as conseqüências do que fizemos no passado, não pensemos que ele é tão presente. Pois, como a galáxia acima, podemos até vê-la hoje, mas ela com certeza não é mais assim. Ela foi assim no passado. Como diz nosso querido e saudoso Chico Xavier: "Embora nehum de nós possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar, agora, a fazer um novo fim".

O que estamos esperando? O tempo está passado, quer dizer, o tempo está passando...

Para saber mais
APOD (06/10/2005)

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