Chaves
Creio que as portas da vida se abrem quando decidimos olhar através dos buracos de fechaduras que elas nos apresentam.
Alguém pode me perguntar: em tempos contemporâneos, com fechaduras que não têm mais buracos e que não mais nos permitem utilizá-las como observatórios, como podemos enxergar o mundo lá fora através delas?
É por isso que creio que me expressei corretamente no primeiro parágrafo e me repito: "quando decidimos".
Acredito que essa é a chave. Decisão.
Olhar significa ver, entretanto, e não necessariamente, com os olhos.
Recentemente, enquanto lia o primeiro livro de Larinha (Lara Méaude) - eu quero a árvore que existe (Independente, 2024), três pessoas, constantemente, vinham em minha mente. Dois amigos irmãos e uma amiga irmã-irmã. É que esta última é irmã ao quadrado, irmã de alma e de sangue.
Aos três eu escrevi falando que deles me lembrei e recomendei, do fundo da alma, a leitura.
Um deles, ontem, me escreveu falando sobre a leitura do livro e me fazendo algumas perguntas. Acabou que, devido a isso, iniciou-se o processo que, neste instante, culmina comigo a escrever uma nova entrada para o Pensações. Os caminhos para chegar aqui, entretanto, não foram diretos, como acontece com muitas coisas em nossas vidas.
Duas perguntas, dentre as que ele me fez, foram cruciais para o que escrevo agora.
1. Por que o texto de Larinha o fez lembrar de mim?2. Você conhece Larinha pessoalmente?
Começo pela segunda, pois, nesse caso específico, é começando pelo fim que chegarei ao início.
Queria muito conhecer Larinha.
Engraçado esse verbo, conhecer. Eu a conheço, mas ela não me conhece. Então, eu a conheço ou não? Nesse caso, como em muitos outros, apenas o contexto faz a gente saber o que se quer dizer quando falamos que conhecemos alguém.
A pergunta dele esclarece. "conhece ... pessoalmente". Só que, se formos chatos (e eu sou, haha), ainda assim, precisaríamos esclarecer mais, pois, mesmo pessoalmente, eu posso conhecer alguém e a outra pessoa nem saber que eu existo, como quando vejo um artista se apresentar em um palco.
Sim, sim, já sei, estou eu aqui divagando novamente... Bom, pessoalmente, eu acho interessante essas digressões, mas entendo. Voltemos ao conhecer da segunda pergunta.
Queria muito conhecê-la. Pessoalmente. E que ela também me conhecesse.
Ela me parece ser aquele tipo de pessoa com a qual a gente tem a impressão que vai se dar bem de cara. Às vezes é apenas impressão, mas mesmo assim, seria ótimo poder bater um papo com ela. Por vários motivos. Dois dos quais meu amigo mencionou em sua mensagem/pergunta. "Seria ela a correspondente com quem você treina o seu francês?" (sim, amo a língua de Molière) e ele também falou que gostava muito do texto e das pensatas da autora e que tem pontos de vista semelhantes em alguns temas.
Ela me parece ser aquele tipo de pessoa com a qual a gente tem a impressão que vai se dar bem de cara. Às vezes é apenas impressão, mas mesmo assim, seria ótimo poder bater um papo com ela. Por vários motivos. Dois dos quais meu amigo mencionou em sua mensagem/pergunta. "Seria ela a correspondente com quem você treina o seu francês?" (sim, amo a língua de Molière) e ele também falou que gostava muito do texto e das pensatas da autora e que tem pontos de vista semelhantes em alguns temas.
Larinha - e não, não a chamo de Larinha por intimidade, mas porque ela mesma se apresenta assim e seu livro tem como autora "Larinha" e não "Lara Méaude".
Interrompemos a programação para uma outra digressão...Me pergunto nesse exato instante se esse não foi um dos motivos pelos quais ele achou que eu a conhecesse. Afinal de contas, nós, normalmente, não chamamos as pessoas pelo apelido ou utilizando o diminutivo se não temos um certo nível de intimidade com elas. Ainda perguntarei a ele se pode ter sido esse o caso.Retornamos à nossa programação normal...
Larinha é mestre em nos levar por caminhos outros, sinuosos e tortuosos. Só que não tortuosos no sentido negativo, nem sinuosos no sentido escorregadio. Ela os utiliza no sentido de nos fazer andar por caminhos naturais, como quando observamos os rios serpenteando através de florestas e matas. Ela nos faz observar coisas simples ao seu redor nos fazendo perceber detalhes micros com lentes macros, - ou será "macros com lentes micros"? - apresentando um novo olhar, um outro olhar sobre aquilo que nós até já conhecíamos e víamos, mas que ainda não enxergávamos. Pelo menos não tão claramente como quando utilizamos a lente dela, a perspectiva que ela usa em sua "fala".
E foi isso - esse novo, esse outro olhar - que me fez lembrar desse meu amigo que me perguntou "Por que o texto de Larinha o fez lembrar de mim?" Esse amigo, que não nomeio aqui apenas por discrição, já que não falei para ele que escreveria esse texto, é amigo de longa data e, mais que amigo, é como uma figura paterna, a qual me inspira e anima a seguir no caminho da busca pela visão mais ampla da Tolerância, da Espiritualidade, do Amor a tudo e a todos. Inclusive a nós mesmos.
Essas perguntas simples que ele me fez - e umas outras pequenas conversas que tivemos depois - foram o estopim para essa reflexão íntima - que compartilho com os que por aqui um dia passarem.
Apesar de ter dito acima o motivo de ter lembrado dele, sendo muito sincero comigo e com você, verdadeiramente, não lembro o porquê exato de ter me lembrado dele enquanto lia. Mesmo assim, acho que esse foi o motivo. E essa é a reflexão íntima. Se não fosse a pergunta que ele me fez, jamais teria pensado nisso, jamais teria olhado pela fechadura, jamais teria refletido sobre isso.
A pergunta é a chave. A chave destranca a porta. É a chave que adentra a fechadura, que olha através dela e permite que vejamos o outro lado. A chave é necessária. Entretanto, ela só é útil se a utilizarmos. Se a mantivermos sem uso, é apenas um pedaço de metal (mesmo que imaginário ou virtual), como outro qualquer. E a porta continuará trancada.
Lembrar dele enquanto lia... Pode até ter sido algo instintivo - e creio que foi - relacionado ao estilo de reflexão que ele costuma estimular em quem o ouve falar, ou em quem lê seus escritos. E é exatamente o fato de não saber essa causa que me fascinou na pergunta dele.
Minha digressão final é essa: por que queremos saber, conhecer? Curiosidade? Essa, dizem, matou o gato. Mas também dizem que o que não mata, engorda. Os curiosos, então, ou estão mortos ou gordos, muito gordos de conhecimento. E espero que consigam transmutar o conhecimento em sabedoria.
Esse é apenas um dos lados da porta que a chave abre. Ele deve ter ficado curioso por ler o livro que recomendei por lembrar dele deve também ter ficado imaginado qual teria sido a razão pela qual eu pensei nele. Daí, ele me escreveu, talvez querendo apenas confirmar.
Um dia, quando ele ter esse texto, se o ler, ele poderá confirmar a intenção da pergunta. Só quero dizer a ele, apesar de ele já saber, que ele é uma das chaves que me fizeram, e ainda me fazem, permanecer curioso a respeito do mundo e da minha transformação pessoal na troca de conhecimentos e saberes com os outros!
Quanto às outras chaves, tenho-as muitas em meu coração e, sempre que posso, as utilizo para continuar abrindo portas. Decidida e definitivamente.
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P.s.: quando iniciei a escrever esse texto, o ontem era dia 05 05 25. Anoto aqui pois não sei se publicarei hoje, 06 maio 25. :)
P.s.2: ontem, ainda o ontem do ps anterior, foi uma data quadrática. 5x5=25. A próxima data quadrática acontecerá apenas em 06 06 36. Era só isso mesmo. :)
P.s. 3: já perceberam, pela data da publicação, que o ontem do texto não é mais ontem. Retomei a escrita no dia 07 de Junho e, talvez, termine ainda hoje. Quem sabe...
P.s. 4: Não publiquei naquele 07 de junho. Hoje já é 05 de juLHO. :)
P.s. 5: Não publiquei naquele 05 de juLHO. Hoje já é 27 de Outubro e será publicado!!!
P.s. 6: Quando comecei a escrever, que dei o título de Chaves, os que me conhecem bem de pertinho podem imaginar que eu iria mencioná-lo. Se enganaram. Quer dizer, não, pois o menciono aqui... :) Achei que ia vencer minha "obsessão chaviana". "É, não deu!" :D

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