YCBW e o Passado
O passado sempre nos alcança.
Obviamente que eu não sou o primeiro, nem serei o último, a perguntar e refletir sobre isso. Talvez até já tenha feito antes e esteja aqui, novamente, trazendo outro passado para o presente sem perceber.
P.s.: do nada me veio a vontade de escrever esse texto e decidi por fazê-lo. É melhor aproveitar essas vontades, pois já tive tantas que não dei vazão e que talvez pudessem ser boas que pensei ser melhor aproveitar.
Às vezes ele chega e passa a passado novamente sem nunca realmente ser ou estar presente. Principalmente porque, muitas vezes, nós nem o notamos chegando e estando lá. Ou aqui.
Muitas vezes, talvez a maioria delas, ele nem vai ser futuro e nem estar em nosso futuro pois não nos interessamos novamente por ele quando o notamos.
Aí, quando ele percebe que ainda pode ser relevante, ou, pelo menos, ter alguma sobrevida, restam duas coisas a fazer. Talvez mais, mas as que importam nesse momento são essas:
1. Ficar e aproveitar o quanto puder essa nova chance.
2. Se preparar para tornar a ser parte do passado novamente.
As duas coisas não são excludentes. Na verdade, de um certo modo irão acontecer sempre, mesmo que apenas por um microssegundo. Exagerei no microssegundo apenas por efeito hiperbólico. Se bem que pode ser realmente bem rápido.
A YCBW foi uma banda independente de rock de Boston que durou apenas alguns poucos anos e que não sei como conheci. Na verdade, não sei nem se conheci.
O nome da banda é You Can Be A Wesley, mas no site deles - que recuperei através do www.archive.org - eles colocam sempre a sigla YCBW ao lado, creio que para facilitar como as pessoas os chamassem.
Talvez você possa estar se perguntando como é que eu encontrei a banda. Não sei, é a resposta correta. Não tenho a menor lembrança de tê-los visto, ouvido ou encontrado. O que eu encontrei, e assim o passado me reencontrou, foi um dos CDs deles que, por qualquer motivo - desconhecido por mim - estava dentro de uma velha pochete que não uso mais e que serve de depósito de antigos documentos.
O CD é datado de 2011 e numerado manualmente 73/400. É um CD, mas poderia ser chamado de EP também, pois conta apenas com 6 músicas. No final do post eu vou colocar foto da frente e do verso do encarte, que é feito de um papelão reciclado, grosso. Enquanto escrevo essa nova entrada no blog, ouço o disco e gosto do que ouço.
Esse passado me achou, mas eu, realmente, não lembro de tê-lo vivido. Nesse exato momento em que escrevo ele está presente e querendo aproveitar enquanto está por aqui. Quando você estiver lendo esse texto ele já será passado novamente para mim e um novo presente estará sendo criado para você. Bifurcações temporais... Mas isso é tema para outros textos e outras explorações.
- Quanto tempo ele ficará comigo?
- Quanto tempo o passado fica presente na nossa vida?
- Quanto tempo é saudável ficar com ele no presente?
Se não queremos permitir que o passado retorne, ficamos acorrentados a um ideal impossível de acontecer e isso certamente nos angustiará e nos deixará com estresse mais alto que o recomendável.
Se deixarmos com que ele venha, mas não deixarmos com que ele se vá ou que, pelo menos, se transforme em presente real e construtivo, isso também nos deixará angustiados e estressados.
Como sempre, a melhor medida parece ser um equilíbrio entre as duas coisas.
Se ele vier, que venha e seja analisado. Case seja bom, que fique por um pouco, seja ressignificado, atualizado, permaneça e continue pelo tempo que seja saudável permanecer. Caso não seja, que venha e se vá o quanto antes, para poder ficar onde deveria estar, no passado.
A banda já não existe mais. Até onde pude descobrir, eles estiveram ativos entre 2008 e 2012. Encontrei pelo menos um dos componentes originais trabalhando em outras atividades artísticas, mas a YCBW parece ser parte do passado. Será?
- Será que alguém ainda ouve as músicas nas quais tanto trabalho colocaram?
- Como está cada um dos membros da banda?
- Será que eles lembram da banda de vez em quando?
- O passado dela está presente para eles ou será que já se foi e foi realmente enterrado?
- O fato de eu estar escrevendo aqui e, de um certo modo, estar dando uma certa sobrevida a ela, faz com ela seja "perpetuada" por mais alguns segundos ou faz com que ela seja algo ainda mais presente no passado?
Tudo que fazemos, assim que terminamos já é passado. O que pensamos que iremos fazer são planos e a isso chamamos de futuro, ou seja, ainda não existe. O que é existe é agora e nem isso existe mais.
O que não presta precisamos deixar passar e deixar para trás.
Às vezes é fácil.
Difícil em outros casos.
Impossível, dirão alguns. Esses são os prisioneiros do passado, aqueles que moem e remoem, que vivem e revivem, que tornam o presente algo que nem quilos de naftalina são capazes de remover as baratas que teimam em circular na mente dos alienados Samsas contemporâneos.
Deixemos o passado chegar. Ouçamos o que tem a dizer e a cantar. Nos envolvamos com a musicalidade dele. Reflitamos sobre o que ele nos tem a dizer. Se formos de dançar, dancemos com ele. Se formos de cantar, cantemos com ele.
Lembremos, entretanto que ele já se foi uma vez e que, portanto, pode ir-se novamente.
E em muitos casos, é melhor que se vá. E logo.
Se for pra ficar, que seja para melhorar, para nos ajudar a nos melhorarmos. Aí a gente muda e muda o passado, atualizando-o, trazendo-o para o presente e retornando-o a um novo passado que, talvez em alguns tempo futuro possa retornar novamente para, mais uma vez ser revisitado quando ele, novamente, nos reencontrar.
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| Capa do disco Nightosphere ou NIGH TOSP HERE da banda You Can Be A Wesley (YCBW) |
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| Verso do disco Nightosphere ou NIGH TOSP HERE da banda You Can Be A Wesley (YCBW) |
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| CD Nightosphere ou NIGH TOSP HERE da banda You Can Be A Wesley (YCBW) |
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| Captura de tela de texto retirado do archive.org que conta uma parte da história do YCBW, em inglês |
P.s.2: abaixo estão alguns links relacionados à banda, para os que queiram procurar por ela.
Vídeo clipe de Hold Up




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