Perdemos e ganhei

Um dia depois, resta-nos a esperança. Sentimento que nos renova a alma e nos dá a certeza de que podemos e que devemos trabalhar e nos melhorar sempre.

Hoje pela manhã, lendo as notícias no UOL acerca da copa, deparei-me com declarações muitíssimo interessantes de Eusébio, antigo jogador de Portugal que na Copa de 1966 terminou em terceiro lugar, acerca do seu time. Naquela Copa, Portugal perdeu para a Inglaterra por 2 a 1. Numa entrevista, quando questionado se a partida de ontem, em que Portugal derrotou os ingleses nos pênaltis, era uma revanche por causa da derrota em 1966, ele falou: "Isso não é revanche", disse Eusébio à emissora de televisão SIC. "No futebol essa palavra não existe."

Tinha sido chamado a atenção alguns minutos antes por um comentário ao meu post anterior "Brasil e França" que me disse: "sem revanches". Duas vezes em alguns minutos, essa palavra me chamou a atenção. Revanche.

Quem acompanha esporte sabe o que é competição. Ganha-se, perde-se, chora-se, ri-se. E essa palavra revanche se torna parte integrante do vocabulário já que, inevitavelmente um desportista não ganha nem perde sempre. E os jogos como que "num capricho do destino", como dizem muitos por aí, sempre dão voltas e os times acabam se enfrentando novamente. Assim, se perdemos, para deixar as coisas equilibradas, acabamos querendo enfrentar o mesmo time para deixar tudo igual.

Os que lêem o Pensações desde um bom tempo e aqueles que me conhecem, sabem que procuro sempre ser pacífico e conciliador, mas como humanos que somos temos nossos defeitos e recaídas. E no post de ontem, escrevi inúmeras vezes a palavra revanche sem me dar conta do sentido literal da palavra. Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:
Revanche
substantivo feminino
1 reparação ger. dura, rude, de afronta, ofensa etc. sofrida; desforro, vingança
1.1 Rubrica: esportes.
prova ou partida que se torna a disputar, a pedido do perdedor e com aquiescência do vencedor

Quando escrevi revanche, em já tendo me melhorado um pouco com relação a esses sentimentos de desforra, não pensei em nenhum momento na palavra vingança, ou em sentimento de raiva, ou de afronta. Apesar disso, crendo imensamente no poder das palavras e sabendo que o que significa uma palavra pra mim pode ter uma conotação completamente diferente do que tem para os outros, sei que não deveria tê-la no meu texto, principalmente no sentido que usei.

Por isso peço desculpas aos que leram meu post de ontem e peço também que ouçamos as palavras de Eusébio, o sábio jogador Português que disse, em outras palavras, que não deveria existir revanche em Futebol. Eu apenas complementaria: não deveria haver revanche na vida.

Posto assim, como homenagem ao jogo de ontem, algumas fotos bastante significativas e que mostram a beleza do espetáculo que é a vida, representada, nesse caso, pelo esporte.

Uns ganham, uns perdem, mas sabendo aproveitar a chance, todos ganhamos. Eu certamente ganhei com a derrota do Brasil. Percebi ainda mais o quanto sou brasileiro e quanto amo o meu país. E isso significa que respeito ainda mais os outros países pois amor une. Além de ter aprendido também a tomar ainda mais cuidado com as palavras que falamos, ou escrevemos. Obrigado Eusébio e Lucila.

Alegria e tristeza fazem parte da vida, são complementares. Assim, alegremo-nos pela lição e alegremo-nos pela beleza que é estarmos vivos e com possibilidades de lutarmos sempre.

Parabéns à França pelo belíssimo jogo de ontem regido pelo maestro Zinedine Zidane, o Zizou. A partir de agora, Allez Les Bleus!

Zidane com Vieira nos braços comemorando o gol.
Ele carregou o time à vitória.

Perspectiva cruel.
Quase nenhum brasileiro imaginava ver essa cena.
Pelo menos não desse ângulo.

Henry.
O homem do gol.
Do único gol, solitário.

Ronaldo.
O Homem gol das copas.
15, mas ele preferiria ter só um e que fosse nesse jogo.

O corpo fala.
Zé Roberto não quer ver; e,
Zidane aplaudindo quem o aplaudiu.

O abraço final, sem revanche.
Ronaldinho e Henry.
Atletas e companheiros.

As fotos da Copa foram retiradas do UOL

Comentários

Anônimo disse…
Temos que admitir a derrota e aplaudir a equipe francesa, que jogou bem melhor.
Adoro assistir os jogos da Copa do Mundo, mas nesse jogo o Brasil nao pareceu ser um time unido. Nao tiveram raça, pelo menos a maioria dos jogadores nao demonstrou a vontade de vencer.

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