Perfeição

Perfeição


Pensei ontem, enquanto escrevia sobre o 31 se todos os textos seriam ligados à matemática. Decidi que não, mas não apenas porque não sou matemático, sim porque não quero me limitar a um assunto apenas. Sei que quero escrever sobre o que vier na cabeça.

Indo para casa pensei até que, caso apareça, pode sair poesia, apenas um título, textos maiores ou menores... Só não quero que não passe um dia sequer sem que eu escreva algo. De repente, pode até ser que use meus rudimentos em outras línguas para escrever – ou tentar escrever – algo. Veremos. Temos alguns, quiçá muitos, dias pela frente para ver o que vai acontecer.

Sem pressa.

E hoje escrevo algo sobre isso. Ou sobre o contrário disso.

O tema surgiu sem querer, devido a uma conversa no trabalho.

Quando é que uma coisa está realmente pronta para ser consumida, por exemplo?

Diz um ditado que o apressado come cru. Eu sempre olhei para isso como algo ruim. Hoje, pensando sobre a pressa, me perguntei se é. Exemplificarei com bananas.

Lá em casa, alguns de nós (eu) preferimos bananas já de cascas bem amarelas e sem se preocupar demais com algumas poucas pintas pretas. Já outros de nós preferem que elas estejam mais esverdeadas e quando já ficam mais amarelas que verdes, já passaram do ponto. Nesse último caso, se usarmos o ditado, as apressadas estão comendo do modo que gostam e eu, o não apressado, é que estou perdendo. As bananas em estado verde/esverdeado/”cru” são devoradas antes de chegarem no estágio que eu prefiro e fico sem bananas... Isso não é verdade por completo, pois como eu também não me importo demais em comê-las “cruas” ou “semicruas”, acabo sempre me deliciando com as frutas macacais.

O outro ditado que fala da mesma coisa é o que diz que a pressa é, da perfeição, inimiga. A mesma reflexão pode ser feita com relação a esse e não vou entrar no mérito, mas aproveitá-lo para puxar uma ideia que repito com uma certa frequência e que ouvi de Roberto Carlos, o cantor.

Em uma entrevista ele foi perguntado sobre quando é que ele sabia que um disco seu estava pronto para ser lançado. A resposta dele me marcou e me inspira reflexões até hoje. Como não lembro das palavras exatas, uso a minhas próprias. Ele nos diz que seus discos nunca ficariam prontos se não fossem pela data de lançamento oficial. Como ele sabe que o disco precisa ser lançado naquele dia, ele tem que parar de mexer nas músicas para que elas possam ser lançadas na data prevista. Se não fosse por essa data, disse ele, que o primeiro disco ainda estaria, provavelmente, sendo produzido.

Caso isso tivesse acontecido, ele seria um desconhecido. Nós, por outro lado, estaríamos sem as grandes músicas do Rei.

A perfeição citada no ditado é importante. Afinal de contas, quando a gente quer ter algo, a gente quer seja da melhor qualidade e que faça, bem feito, aquilo que promete. E para isso, é preciso que esteja em perfeito estado e/ou que funcione perfeitamente. Entretanto, e apesar disso, sabemos que essa perfeição não existe e, mesmo assim, quando a coisa falha, nos frustramos.

Sei que tem coisas mais “perfeitas” que outras e que tem umas que não deveriam nem ter sido feitas, pois, realmente, apenas causam frustração e nada mais. Essas, de um modo geral, são as que realmente, foram feitas apressadamente ou sem nenhum tipo de atenção ou cuidado.

Para todas as outras, que espero que sejam as que eu e que vocês que leem esse texto fazemos, precisamos realmente entender que se algo está sendo feito e merece ser feito, sempre penso que merece ser bem feito. Talvez mereça ser perfeito. Lembremos entretanto, e me repito, que antes de ser perfeito e de ser bem feito algo precisa ser feito. E esse é o começo: fazer.

Quando a gente não faz, a coisa vai ficar malfeita e imperfeita eternamente.

Eu e você, por exemplo, longe sermos perfeitos ou bem feitos (no meu caso), fomos um dia feitos e hoje estamos aqui, cada uma com sua batalha, com sua alegria, suas coragens e seus medos, em busca de algo melhor. Quem sabe, em busca de perfeição. Perfeição que vai demorar a chegar, entretanto, se continuarmos em busca dela, uma hora ela chega. Não porque ela vem, mas porque, ativamente, caminhamos em sua direção.

Sem pressa, mas fazendo, trabalhando, seguindo adiante em passo contínuo. Sempre.


  Mackenzie Melo
28 março 2024


P.s.1: venha que o que vem é perfeição. Verso de Renato Russo que me surgiu ao finalizar o texto e que mudou o título do texto de Pressa para Perfeição.

P.s.2: eu não vou reler o texto de hoje antes de publicar, como fiz com o de ontem, e consertei/modifiquei bastante coisa. Como tenho menos tempo hoje, preciso parar agora, senão não conseguirei finalizar o que preciso. Isso, claro, vai deixar o que já é imperfeito com ainda mais imperfeições. Entretanto, e pelo menos, estará feito. 😊

P.s.3: precisarei reler o texto, mas com falei acima, não farei antes de publicar. Preciso, não apenas para corrigir, mas para pensar de novo sobre o que escrevi e, quem sabe, aprender a fazer com o que escrevo e penso.

P.s.4: hoje é aniversário de uma dupla da pesada. São meus irmãos, mas demorei quase 16 anos para conhecê-los pessoalmente, junto com a minha outra irmã que demorei um pouco menos, já que ela nasceu depois. Sophia e Giórgio, irmãos gêmeos, filhos de Jacob Painho de Melo e Lucila Melo, sua esposa, completam seus 17 aniversário nesta data querida e a eles, meus desejos de muitas alegrias, muito amor e muito crescimento. Sempre! À minha irmã mais caçula, Fernanda, um cheiro enorme e um abraço apertado. A Painho e Lucila, meu amor ao seu amor!

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