Meditação e percepção visual
Folha Online - Ciência - Meditação afeta percepção visual, sugere experimento com monges - 07/06/2005
Como disse no post anterior, a vida, para ser bem observada precisa também ser observada à distância. Não apenas à distância, mas também à distância.
Imaginemos se fôssemos um falcão. Todos dizem que o falcão tem uma das melhores visões em todo o reino animal. Lá do alto ele consegue enxergar um peixe abaixo da superfície da água e, a quase 300Km/h na descida (o vôo mais rápido que uma ave consegue alcançar), apanha o peixe para saciar sua fome... Mas, imaginemos se tivéssemos uma visão de falcão. Será que os olhos do falcão serviriam para nós vermos melhor as pessoas de perto? Que aparência teria a nossa pele vista de perto com os olhos de um falcão?
Isso não quer dizer que não possamos querer melhorar ainda mais a nossa visão. Esse exemplo serve apenas para nos despertar o pensamento de como temos percebido o mundo ao nosso redor. Cada pessoa, com seus olhos (e com todos os seus sentidos), com toda a sua experiência de vida, seu conhecimento, tem uma visão diferente sobre o mesmo ponto. Até quando estamos lado a lado, olhando para o mesmo jarro, por exemplo, não conseguimos enxergá-lo do mesmo modo, pois estamos em posições e alturas diferentes. A luz incide sobre o objeto de maneira diferente, etc. Além do que, caso o vaso seja um vaso da dinastia Ming e um dos dois saiba disso e o outro não saiba, eles vão "olhar" o jarro com olhos bem diferentes...
Entretanto, alguém aí pode estar se perguntando: "Ok Mackenzie. Ver as coisas de longe é realmente necessário às vezes. Mas ver coisas de longe é uma coisa. Ver a nossa própria vida de longe é algo totalmente diferente. Como é que vou olhar para minha vida, enfim, para mim mesmo, de longe?" Realmente, essa é uma questão bem pertinente. Pensemos sobre ela.
Todo mundo pensa que para vermos uma coisa de mais longe precisamos estar fisicamente longe dela. Se colocarmos a lente correta em nossos olhos, veremos as coisas como se estivéssemos bem distantes, pois elas estarão bem pequeninas. Seria exatamente o contrário de um binóculo ou de um telescópio. E estou falando apenas fisicamente. Imaginemos se tivéssemos os olhinhos de uma formiga. Tudo seria imenso. E não estaríamos tão mais distantes do que estamos agora. Logo, percebemos que o que mais importa não é necessariamente a distância, mas através de qual lente estamos olhando o mundo...
E então, através de qual lente estamos olhando o mundo?
Desde muito tempo os nossos companheiros orientais nos ensinam que uma das melhores lentes para se olhar para a própria vida é a meditação. Uma frase de um mestre zen diz que um dos maiores problemas do mundo de hoje é que "quando estamos almoçando conversamos; quando estamos conversando estamos vendo tv; quando estamos estudando estamos pensando nas férias" ou seja, não vivemos o momento. Ou vivemos o futuro ou vivemos o passado. Jamais o presente.
E não foi apenas o pensamento oriental que nos ensinou isso. O pensamento filosófico ocidental também, quando acima do portal para o Oráculo de Delphos na Grécia dizia: Gnothi Seauton (ΓνωθιΣεαυτον): "conhece-te a ti mesmo".
Hoje em dia ainda relutamos em aceitar essas verdades antigas e parece que apenas acreditamos quando a ciência, com toda sua sabedoria mutante - pois que muda seus postulados de tempos em tempos - afirma que isso ou aquilo é verdade! Será que precisamos tanto mais da ciência que da filosofia, da religião e da arte? Não. Mas vivemos em dias que parece que apenas a razão é que tem que prevalecer.
Falo aqui com ênfase novamente na ciência por causa da reportagem cujo link está no início do post. Mais uma vez, pesquisadores confirmam o que sabedorias antigas já afirmam a milhares de anos. Meditação realmente muda a percepção que temos do mundo. E, dizem os ditados por aí que quando mudamos como vemos o mundo mudamos a nós mesmos e isso muda o mundo que de volta muda a gente quem udamos o mundo... e o ciclo se repete. (Leia a reportagem para entender as figuras do cubo e do Dalai Lama neste post). Essa é a lente apenas da razão. Será que não precisamos combiná-la a outras lentes para termos uma visão mais clara do mundo? Minha Vó ensinou a meu Pai, que por sua vez ensinou a mim a seguinte frase: "Você quer ter sempre razão ou quer ser feliz?"
Aprendamos a meditar. A viver o presente, a nos olhar com outros olhos, a nos distanciarmos de nós mesmos e nos enxergarmos com os olhos dos outros para podermos melhor conhecermo-nos a nós mesmos.
E quando falo meditemos, não falo apenas no sentido de pensar a respeito de algo com profundidade, mas também, e principalmente, no sentido de procurarmos o silêncio interior. Pois, é com esse "vazio" interno que poderemos escutar não só a razão, mas a arte, a filosofia e a religião interligadas a nos falar, nos mostrar e nos fazer sentir que somos mais que apenas carne, mais que apenas matéria. Somos vida.
Vale salientar aqui que meditar não é nada de místico no sentido em que estamos acostumados a ouvir a palavra. Meditar é concentrar, é buscar o silêncio interior, é esvaziar a mente. Assim, como qualquer tarefa que vamos executar, precisa de prática para ser bem desenvolvida. E, naturalmente, existem ferramentas que facilitam a sua prática. Para apertar um parafuso podemos usar uma faca ou uma chave de fenda. Podemos realizar a tarefa com as duas ferramentas, só que uma será mais adequada que a outra.
Meditemos portanto. Meditemos sobre o que estamos fazendo aqui na Terra. Meditemos sobre qual é o nosso papel no mundo. Mas meditemos também sem pensar em nada. Meditemos em silêncio e em busca do silêncio interior. Esse silêncio interior abrirá ainda mais a nossa percepção sobre a vida, sobre nós mesmos.
Mas as quatro lentes são fundamentais e indispensáveis para vivermos nossa vida plenamente.
Paz.
Como disse no post anterior, a vida, para ser bem observada precisa também ser observada à distância. Não apenas à distância, mas também à distância.
Imaginemos se fôssemos um falcão. Todos dizem que o falcão tem uma das melhores visões em todo o reino animal. Lá do alto ele consegue enxergar um peixe abaixo da superfície da água e, a quase 300Km/h na descida (o vôo mais rápido que uma ave consegue alcançar), apanha o peixe para saciar sua fome... Mas, imaginemos se tivéssemos uma visão de falcão. Será que os olhos do falcão serviriam para nós vermos melhor as pessoas de perto? Que aparência teria a nossa pele vista de perto com os olhos de um falcão?
Isso não quer dizer que não possamos querer melhorar ainda mais a nossa visão. Esse exemplo serve apenas para nos despertar o pensamento de como temos percebido o mundo ao nosso redor. Cada pessoa, com seus olhos (e com todos os seus sentidos), com toda a sua experiência de vida, seu conhecimento, tem uma visão diferente sobre o mesmo ponto. Até quando estamos lado a lado, olhando para o mesmo jarro, por exemplo, não conseguimos enxergá-lo do mesmo modo, pois estamos em posições e alturas diferentes. A luz incide sobre o objeto de maneira diferente, etc. Além do que, caso o vaso seja um vaso da dinastia Ming e um dos dois saiba disso e o outro não saiba, eles vão "olhar" o jarro com olhos bem diferentes...
Entretanto, alguém aí pode estar se perguntando: "Ok Mackenzie. Ver as coisas de longe é realmente necessário às vezes. Mas ver coisas de longe é uma coisa. Ver a nossa própria vida de longe é algo totalmente diferente. Como é que vou olhar para minha vida, enfim, para mim mesmo, de longe?" Realmente, essa é uma questão bem pertinente. Pensemos sobre ela.
Todo mundo pensa que para vermos uma coisa de mais longe precisamos estar fisicamente longe dela. Se colocarmos a lente correta em nossos olhos, veremos as coisas como se estivéssemos bem distantes, pois elas estarão bem pequeninas. Seria exatamente o contrário de um binóculo ou de um telescópio. E estou falando apenas fisicamente. Imaginemos se tivéssemos os olhinhos de uma formiga. Tudo seria imenso. E não estaríamos tão mais distantes do que estamos agora. Logo, percebemos que o que mais importa não é necessariamente a distância, mas através de qual lente estamos olhando o mundo...
E então, através de qual lente estamos olhando o mundo?
Desde muito tempo os nossos companheiros orientais nos ensinam que uma das melhores lentes para se olhar para a própria vida é a meditação. Uma frase de um mestre zen diz que um dos maiores problemas do mundo de hoje é que "quando estamos almoçando conversamos; quando estamos conversando estamos vendo tv; quando estamos estudando estamos pensando nas férias" ou seja, não vivemos o momento. Ou vivemos o futuro ou vivemos o passado. Jamais o presente.
E não foi apenas o pensamento oriental que nos ensinou isso. O pensamento filosófico ocidental também, quando acima do portal para o Oráculo de Delphos na Grécia dizia: Gnothi Seauton (ΓνωθιΣεαυτον): "conhece-te a ti mesmo".
Hoje em dia ainda relutamos em aceitar essas verdades antigas e parece que apenas acreditamos quando a ciência, com toda sua sabedoria mutante - pois que muda seus postulados de tempos em tempos - afirma que isso ou aquilo é verdade! Será que precisamos tanto mais da ciência que da filosofia, da religião e da arte? Não. Mas vivemos em dias que parece que apenas a razão é que tem que prevalecer.
Falo aqui com ênfase novamente na ciência por causa da reportagem cujo link está no início do post. Mais uma vez, pesquisadores confirmam o que sabedorias antigas já afirmam a milhares de anos. Meditação realmente muda a percepção que temos do mundo. E, dizem os ditados por aí que quando mudamos como vemos o mundo mudamos a nós mesmos e isso muda o mundo que de volta muda a gente quem udamos o mundo... e o ciclo se repete. (Leia a reportagem para entender as figuras do cubo e do Dalai Lama neste post). Essa é a lente apenas da razão. Será que não precisamos combiná-la a outras lentes para termos uma visão mais clara do mundo? Minha Vó ensinou a meu Pai, que por sua vez ensinou a mim a seguinte frase: "Você quer ter sempre razão ou quer ser feliz?"
Aprendamos a meditar. A viver o presente, a nos olhar com outros olhos, a nos distanciarmos de nós mesmos e nos enxergarmos com os olhos dos outros para podermos melhor conhecermo-nos a nós mesmos.
E quando falo meditemos, não falo apenas no sentido de pensar a respeito de algo com profundidade, mas também, e principalmente, no sentido de procurarmos o silêncio interior. Pois, é com esse "vazio" interno que poderemos escutar não só a razão, mas a arte, a filosofia e a religião interligadas a nos falar, nos mostrar e nos fazer sentir que somos mais que apenas carne, mais que apenas matéria. Somos vida.
Vale salientar aqui que meditar não é nada de místico no sentido em que estamos acostumados a ouvir a palavra. Meditar é concentrar, é buscar o silêncio interior, é esvaziar a mente. Assim, como qualquer tarefa que vamos executar, precisa de prática para ser bem desenvolvida. E, naturalmente, existem ferramentas que facilitam a sua prática. Para apertar um parafuso podemos usar uma faca ou uma chave de fenda. Podemos realizar a tarefa com as duas ferramentas, só que uma será mais adequada que a outra.
Meditemos portanto. Meditemos sobre o que estamos fazendo aqui na Terra. Meditemos sobre qual é o nosso papel no mundo. Mas meditemos também sem pensar em nada. Meditemos em silêncio e em busca do silêncio interior. Esse silêncio interior abrirá ainda mais a nossa percepção sobre a vida, sobre nós mesmos.
Ajamos. Silenciemos. Percebamos. Meditemos.
Não necessariamente nesta ordem.
Arte. Ciência. Filosofia. Religião.
Não necessariamente nesta ordem.
Não necessariamente nesta ordem.
Arte. Ciência. Filosofia. Religião.
Não necessariamente nesta ordem.
Mas as quatro lentes são fundamentais e indispensáveis para vivermos nossa vida plenamente.
Paz.
Para saber mais
Reportagem da Super Interessante sobre Meditação
Onde Meditar em Grupo
Grupo de Meditação Cristã (Natal)
Reportagem da Super Interessante sobre Meditação
Onde Meditar em Grupo
Grupo de Meditação Cristã (Natal)
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