Morangos

Os dias passavam.

A alegria chegava e eu ainda não sabia.

Sempre pensei em ser pai. Em ser avô.

Cheguei a achar que não seria.

Nunca sabemos do futuro. Mesmo. Entretanto, parece que, mesmo tendo certeza disso, no fundo sempre duvidamos e acreditamos que sabemos. Felizmente ele chega e nos joga na cara a verdade.

Aos 32 do primeiro tempo, aconteceu. Conheci e me apaixonei pela mãe. Ela já apareceu aqui algumas vezes.

Linda. Olhos encantadores. Não apenas os olhos. Uma grande mulher. Às vezes, ela mesmo duvida disso. E outros, quem sabe talvez por causa dessa dúvida, e infelizmente por não a conhecerem, podem achá-la menor do que realmente é. Sei de sua gigantez e me sinto feliz por isso.

WNDR Museum - 21 abr 24

E a gestação foi imediata.

Quando falo imediata, é imediata mesmo. 

A maioria dos pais têm que esperar, pelo menos, nove meses para ver o rosto daquelas ou daqueles que lhe trarão luz à vida. Eu, diferente desses, quando me apaixonei e fui correspondido, já e imediatamente me tornei pai

Não de uma, mas duas. Não de gêmeas, duas lindas meninas de 7 e 2 anos, respectivamente!

Dia das Mães, 2007

Nascem de uma vez, 

como gotas de felicidade que brotam do coração;

como notas musicais que vibram as cordas do violino na orquestra da vida;

como morangos que surgem, suculentos, em um pomar de amor.

Kathleen e Amanda. Tetete e Amandinha. 

O telefone tocara. Era o Infinito ligando para a gente. Eu atendi e vocês também. Ele queria que nos reencontrássemos e nos reconectássemos. Sem hesitação, fizemos isso. E então, naturalmente, a paternidade chegou. A família estava reunida novamente.

Em algum momento do passado eu deixei de comer o morango, talvez, como na tirinha abaixo, de Nina e o Passarinho, por medo de perdê-lo e sofrer. Então, deixei vocês passarem, fiz vocês irem, joguei vocês aos pássaros e vocês foram. Se foram.

Mas voltaram. Estão aqui. Fisicamente, espiritualmente.

Hoje já mulheres, já adultas, em seus ninhos. Pertinho, entretanto. Se não a todo tempo, mas ligadas, conectadas, reconectadas ao amor que nos une, os quatro, em aprendizado e crescimento contantes. Desafiadores, mas intensos e amorosos.

Christopher Columbus Waterfront Park, 02 Ago 20

E então, será que chegaria o dia em que o pai viraria avô? Como não!

Máscaras

Do mesmo que a gente não parece acreditar que o futuro sempre nos reserva surpresas, não acreditei que amor maior seria possível. Mas é.

A chegada de Julian, como um raio de luz, traz à família - e a mim, obviamente - uma nova horta, um novo canteiro onde novos morangos, ainda mais deliciosos (se é que isso é possível), nascem e proliferam.

Hoje, faltando apenas 2 dias, quero agradecer mais uma vez a Deus a oportunidade de ter a família que tenho. Lindos corações entrelaçados, raízes conectadas e produzindo frutos que prometem deixar o mundo mais doce, mais amoroso, mais gostoso. 

Páscoa - 17 abr 22

Como todo bom e suculento morango!

Morangos do Pretérito e do Futuro © Mackenzie Melo (IA)

Mackenzie Melo

25 de Abril 2024

P.s.1: o que eu ia escrever não sei, mas desde os primeiros dias dessa jornada, sabia que ia escrever sobre minha linda família, da qual me orgulho e amo tanto. Certo dia os morangos apareceram na mente e a tirinha de Nina brotou na minha tela. Liguei imediatamente a nós e assim ficou. Novamente, igual à postagem de ontem, o texto foi aparecendo e sendo molhado aos poucos, por pequenas gotas de orvalho dos olhos.

P.s.2: inicialmente iria colocar uma outra história com morangos, mas ela não se encaixou no fluxo do que estava saindo, então, fica para uma outra oportunidade.

P.s.3: agora resta 1 e depois mais 1.

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